29 de Outubro de 2025 às 09:20
Adoecimento
Na sua coluna, publicada no portal UOL, o jornalista Carlos Juliano Barros revelou o “top 5” das categorias com mais pedidos de afastamentos por saúde mental reconhecidos como doença ocupacional (B91): motorista de ônibus, gerente de banco, escriturário de banco, técnico de enfermagem e vigilante.
Os dados do INSS são do período de 2012 a 2024 e foram compilados no Smartlab, plataforma que cruza dados oficiais.
De acordo com os dados apurados pelo jornalista, os afastamentos por saúde mental explodiram no Brasil. De 2023 para 2024, o número de casos (somando benefícios com ou sem ligação com o trabalho) saiu de 283 mil para 471 mil, crescimento de 66%.
"Isso está baseado na dificuldade de atingir metas, na ausência de reconhecimento pelo trabalho, na baixa autoestima", declarou à coluna de Carlos Juliano Barros o doutor em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (UNB), Paulo Rogério Albuquerque.
Entre as cinco categorias com maior número de afastamentos por questões de saúde mental, os gerentes de bancos são os que apresentam maior percentual de afastamentos reconhecidos como doenças ocupacionais (B91) em relação ao total de afastamentos. Do total de 13.077 profissionais que pararam de trabalhar para cuidar da saúde mental, 37,76% tiveram benefícios enquadrados como decorrentes da sua atividade.
"O transtorno mental relacionado ao trabalho enfrenta grande dificuldade para ser reconhecido, tanto pela empresa quanto pela Previdência Social", acrescenta a médica Maria Maeno, pesquisadora da Fundacentro.
"Isso revela uma epidemia silenciosa, causada por um ambiente de trabalho adoecedor, que mantém metas abusivas para aumentar os lucros bilionários dos bancos", avalia Neiva Ribeiro, coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

A categoria bancária representa 0,8% do emprego forma no país, mas foi responsável por 2,18% dos 168,7 mil afastamentos acidentários (B91) registrados em 2024.
Em 2024, os bancos múltiplos com carteira comercial ocuparam a 1ª posição entre os afastamentos acidentários por saúde mental, por atividade econômica, com 1.946 afastamentos e a 5ª posição entre os afastamentos previdenciários, com 8.345 ocorrências.
Também entre os afastamentos acidentários por setor da atividade e por saúde mental, bancos comerciais e caixa econômica ficaram na 6º e 7º lugares, com 269 e 253 ocorrências, respectivamente.
Questões relacionadas com a saúde mental foram as principais causas de afastamento de bancários em 2024: 55,9% dos benefícios acidentários (B91) e 51,8% dos benefícios previdenciários.
Para o secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, os dados revelam uma crise silenciosa de saúde mental que reflete o modelo de gestão adotado nos bancos. “Até quando iremos assistir a essa situação e não enquadrar as empresas? Isto não é coincidência, é sintoma de um problema estrutural”, alerta o dirigente.
Salles defende que as instituições financeiras assumam responsabilidades concretas e adotem medidas efetivas para prevenir o adoecimento psíquico. “Chegou o momento de exigir que as instituições adotem sistemas de prevenção de adoecimento psíquico — gestão de riscos psicossociais, revisão das metas, combate ao assédio e vigilância algorítmica. Elas precisam responder pelos efeitos dos seus modelos de negócio sobre a saúde dos trabalhadores”, reforça.
Para ele, o Estado e os órgãos fiscalizadores também precisam agir. “Não basta acompanhar. É preciso intervir. É inadmissível que trabalhadores bancários e de outros segmentos econômicos carreguem o peso de lucros, automação e metas agressivas sem que exista regulação eficaz, fiscalização incisiva e sanções reais”, afirma.
Por: SPBancários e Contraf
Link: https://www.sindicario.com.br/noticias-gerais/bancarios-dominam-ranking-de-categorias-com-mais-afastamentos-por-saude-mental/