27 de Agosto de 2014 às 18:00

Bancários criticam novo modelo de bônus em apresentação do HSBC

Nova remuneração tem critérios subjetivos e exclui 35% dos funcionários

Em reunião ocorrida nesta terça-feira ( 26) com a Contraf-CUT, federações e sindicatos, em Curitiba, o HSBC fez uma apresentação detalhada do novo modelo de remuneração variável, chamado de bônus discricionário, que substitui o Programa Semestral Variável (PSV). Segundo o banco inglês, o novo pagamento leva em consideração não apenas a venda de produtos (indicadores financeiros), mas também indicadores não-financeiros e avaliação de comportamento.

"Teoricamente, a metodologia é adequada ao bom atendimento dos clientes, contudo, na prática, os gestores continuam priorizando as vendas. Além disso, a subjetividade tem sido utilizada para rebaixar as avaliações", critica Cristiane Zacarias, a nova coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do HSBC, que assessora a Contraf-CUT nas negociações com o banco.

Os bancários das áreas de Gerência PF e PJ, Canal de Atendimento e Central de Cobrança recebem nesta quarta (27) o primeiro bônus semestral referente ao desempenho nos primeiros seis meses de 2014.

Para Silvia Higa, do RH Performance do HSBC, que iniciou a apresentação, o novo modelo de remuneração variável está em sintonia com o realinhamento do banco no mercado financeiro, que passa a ter como foco o cliente. A partir deste pressuposto, segundo ela, os resultados deixam de ser fruto exclusivamente das metas e a bonificação passa a ser composta por novas variáveis que não unicamente a venda de produtos, como no PSV. Com isso, os gestores passam a interferir diretamente nas avaliações, com decisões que impactam na remuneração, destacou.

Histórico

Em 2013, o HSBC implantou o bônus discricionário como projeto-piloto para cerca de 300 bancários. Em 2014, todos os demais funcionários, que eram remunerados pelo PSV, começam a receber a bonificação.

Nos primeiros seis meses do ano, o banco avaliou os indicadores financeiros, não-financeiros e comportamentais de todos os elegíveis. De 1º a 15 de agosto, o resultado foi encaminhado para Comitês de Calibração, que tem por objetivo equacionar possíveis distorções. Por fim, de 15 a 22 de agosto, os gestores deram um feedback das avaliações aos bancários.

O superintendente de Relações Sindicais e Trabalhistas do HSBC, Marino Roberto Rodilha, afirmou que o novo modelo de remuneração variável está em consonância com a política global do HSBC e que o banco está disposto, inclusive, a arcar com perdas financeiras para se realinhar no mercado.

Segundo ele, diferente do PSV, o bônus terá reflexos no 13º salário, nas férias e no FGTS. Ele apresentou ainda dados comparativos entre o primeiro semestre de 2013 (projeto-piloto) e 2014: no ano passado, de todos os elegíveis, 76% receberam a bonificação; já em 2014, o número caiu para 65%.

Avaliação

Após a apresentação do HSBC, os dirigentes sindicais expuseram a opinião sobre o bônus discricionário. Os principais questionamentos foram com relação à subjetividade imposta pelo novo modelo e a confiabilidade nos critérios que determinam o pagamento, além da situação de demitidos e afastados durante o processo de avaliação.

"Levando em consideração o número de bancários que já procuraram os sindicatos, fica claro que o HSBC não conseguiu dar transparência ao processo, pois, em alguns casos, nem mesmo os gestores sabem explicar se foram as vendas ou o comportamento que determinou o resultado", critica Cristiane.

Embora concordem com a desvinculação entre a remuneração variável e as metas abusivas, os representantes dos trabalhadores destacaram que, na prática, isso não tem acontecido. "O que observamos é que esse discurso e essa filosofia não se refletem no dia-a-dia do bancário. Pois, mesmo após seis meses deste novo modelo, as metas continuam imperando e o número de afastamentos por adoecimento do trabalho aumentou", destacou Alan Patrício, secretário de Assuntos Jurídicos da Contraf-CUT.

Ele reforçou também que o novo modelo de bônus é exclusivo, quando não inclui entre os elegíveis cerca 15 mil bancários do HSBC e, entre os possíveis bonificados, deixa 35% sem pagamento. "Gostaríamos de ver um programa que buscasse satisfazer todos os bancários e não apenas determinado segmento do banco", acrescentou Alan.

Além disso, os dirigentes sindicais manifestaram preocupação com o pagamento do Programa Próprio de Remuneração Administrativo (PPR), que será efetuado em fevereiro, e também com a Participação nos Lucros e Resultados (PLR).

"Diante dos resultados do primeiro semestre, nós já conhecemos o discurso que normalmente o HSBC adota para rebaixar a PLR dos bancários. Por isso, reiteramos aqui a nossa preocupação com o seu pagamento. Não podemos aceitar que um banco que se diz global pague uma PLR vergonhosa para seus funcionários", alertou Valdecyr Pereira Rios, diretor da Fetec-CUT Centro-Norte.

Por fim, o HSBC ficou de levantar o custo total com o pagamento do bônus discricionário e o número de bancários que se enquadram neste novo modelo de remuneração variável.

Fonte: Contraf-CUT com Seeb Curitiba

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